quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Tagmar - Interlúdio 1: O passado de Arcus

Alef curtia uma cerveja ao cair da tarde naquele final de primavera em Kaddastrei quando foi interrompido pelo marchar dos soldados de Verrogar que voltavam de uma campanha à leste. Voltavam desgarrados e feridos, dentre eles um prisioneiro que o garoto não teve dificuldades em reconhecer, Arcus, o soldado que lhe havia salvo de um trágico fim há alguns anos.
Alef estranhou a situação, e decidiu seguir os guardas e se informar do por que Arcus, um soldado sempre exemplar, estaria voltando à cidade cativo. Pouco pôde descobrir, pois o exército não deixa seus assuntos internos na boca do povo. Caminharam até o castelo central da cidade, onde após alguns trâmites internos colocaram Arcus na prisão.
Apenas o próprio Arcus e aqueles que o escoltavam sabiam a causa do crime. Arcus se julgava inocente, e portanto, pediu auxílio a um superior. Um tenente que passava por acaso ao local. Explicou sua versão da história, e o tenente, crente na mesma disse que faria o possível.
Enquanto isso, Alef perguntava aos guardas do portão do castelo se o prisionero recém chegado tinha direito a visitas. Não. E enquanto tentava convencer os mesmos a deixa-lo entrar, um escriba oficial pregou um folheto na porta do castelo que tornava a audiência do julgamento público. Isso era um fato raro, que o julgamento de um militar viesse a ser aberto, provavelmente uma artimanha da milícia verrogariana para evitar possíveis revoltas e motins da população local. Arcus, originalmente, era um sodado local, e quando sua cidade foi conquistada por Verrogar, aliou-se ao exército inimigo para que não fosse fardado a ser escravo. Portanto, era alvo de adoração de alguns moradores da cidade, e era difícil, para os Verrogarianos julgá-lo de forma exclusiva.
Durante o julgamento, foram ouvidas as partes, Arcus contra seus anteriores companheiros de batalhas. A pena para o crime cometido era a morte, e tudo caminhava para que o nobre soldado fosse assim sentenciado. Porém, o tenente com quem Arcus conversara no dia anterior intercedeu neste momento, e ao apelar que as provas da outra parte eram insuficientes para que fosse atribuída pena tão grave sem certeza do julgemento, pediu que seu castigo fosse substituído por anos de trabalho nas minas. O juiz acatou a idéia, e Arcus foi condenado a 20 anos de trabalho nas minas, devendo ser levado imediatamente para as mesmas. O exército organizou sua partida para o dia seguinte.
Alef, que estava presente no julgamento, pôde tomar conhecimento da sentença e partir antecipadamente para o local aonde Arcus seria levado. No caminho, procurou o local perfeito para uma emboscada, e encontrou uma clareira onde comumente os viajantes daquelas estradas acampavam, onde armou algumas armadilhas mágicas.
Esperou até o dia seguinte, no momento em que trariam Arcus. Surpreendeu-se ao ver que, junto com ele, eram escoltados por 8 soldados e um capitão mais 4 outros prisioneiros, penalizados em igual sentença. Um deles vinha exageradamente acorrentado. Seu nome era Guy de Treville, era um homem alto e robusto, que aparentava força natural sobrehumana. Porém, para aqueles que conheciam seus feitos, sabiam que além da virilidade, aquele homem era dotado por uma força que nascia de sua insanidade. Estava acorrentado nos pés, nas mãos, e levava um grilhão no pescoço, empunhado por 2 soldados.
Arcus e sua escolta chegaram ao cair da noite, onde resolveram acampar. O local preparado por Alef era o ponto comum de descanso de um dia de viagem. Os soldados acorrentaram Guy em uma árvores, e os demais prisioneiros um ao outro pelos pés de forma circular. Depois, armaram tendas para si mesmos. Todos tinham as mãos algemadas. Com um ferrolho improvisado, Arcus conseguiu libertar suas mãos, e os demais fugitivos, ao perceberem, iniciaram um jogo de chantagem. De fato, Arcus não poderia fugir sozinho, pois os demais presos alarmariam aos guardas. teria de soltar a todos que estavam com ele. E assim fez...e furtivamente os 4 conseguiram escapar. Guy dormia acorrentado na árvore.
Um dos guardas, ao perceber que os prisioneiros haviam desaparecido, alarmou os demais, e todos saíram em busca dos fugitivos, ficando apenas o capitão e outros 2 guardas na clareira.
Enquanto fugia, Arcus lembrou que esquecera seu equipamento, e achou importante voltar para buscá-lo. Estava guardado em uma das tendas, era arriscado voltar, porém, curiosamente, Alef consentiu. Enquanto entrava furtivamente em uma das tendas, Arcus foi descoberto, porém antes que os soldados pudessem fazer qualquer movimento, Alef acionou sua armadilha mágica e os guardas ficaram desorientados. O chão começou a explodir, como se um terremoto abalasse a terra. Na confusão, Alef e Arcus conseguiram fugir.

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